sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Melhores Momentos 44º Festival de Cinema de Gramado

O 44º Festival de Cinema de Gramado contou com inúmeros momentos marcantes e inesquecíveis desde a sua abertura na sexta-feira, 26 de agosto. Uma novidade deste ano foram os valores acessíveis às salas de cinema do Palácio dos Festivais e ao Tapete Vermelho, R$ 30,00 para o público em geral e R$ 15,00 para estudantes e idosos.

No dia de abertura, antes mesmo da cerimônia oficial, houve a inauguração do Museu do Festival de Cinema de Gramado, contemplando não somente a história do Festival, mas da sétima arte no Brasil. Localizado no Palácio dos Festivais, com entrada ao lado do mesmo, tem 500m² e uma vista panorâmica para a cidade. O espaço conta também com interatividade única e totalmente tecnológica, em que o visitante pode viajar por toda a história do Festival e do cinema brasileiro desde 1973. Até a edição de 2017, a empresa responsável espera já ter terminado as instalações do Museu, com bonecos de cera.

Foto: Miron Neto
O filme nacional mais esperado do ano, “Aquarius”, foi apresentado logo no primeiro dia do festival e com grande entusiasmo por parte do púbico e crítica. Na própria sexta-feira aconteceram as primeiras manifestações contra o então vice-presidente Michel Temer e vaias ao secretário interino da Cultura, Marcelo Calero que fez seu pronunciamento oficial. Calero preferiu não se pronunciar sobre as acusações contra o atual governo e sobre a classificação imposta pelo ministério ao filme “Aquarius”.
Pelo sábado de manhã a coletiva do longa “Aquarius” foi extremamente marcante pelo aspecto politizado. “Aquarius é uma representação da vida no Brasil, e, exatamente por isso, é tenso, é emotivo, é enfurecedor” disse o diretor Kléber Mendonça Filho. — É um filme sobre ter uma opinião e defendê-la, dentro de uma democracia. O filme vem carregado de muita energia, inclusive política — complementou Kléber. Sônia Braga ainda reforçou: “Nunca é suficiente repetir que é golpe”.
Foto:Yves Herman
No domingo ocorreu a entrega dos prêmios da Mostra Gaúcha, mas o que marcou a noite em Gramado foram os protestos de “Fora Temer”. Assim que os o primeiro filme premiado da Mostra foi revelado, uma carta foi lida em que os profissionais e técnicos de cinema do estado denunciaram as chamadas “forças conservadoras que tramam um golpe no país”. O manifesto apresentado e lido, pede respeito pela liberdade de expressão e diz que um ataque à classe cinematográfica e cultural está ocorrendo. Além das manifestações particulares, no final, no momento em que a tradicional foto de todos os premiados iria ser tirada, surgiram cartazes de protesto e um coro de “Fora Temer” implodiu na plateia.

Foto: Almanakito
Estrela do cinema argentino e uma das "chicas de Almodóvar", a atriz Cecilia Roth foi homenageada na noite desta sexta-feira (2) no Festival de Cinema de Gramado, na Serra do Rio Grande do Sul. Ela é a primeira mulher a receber o Kikito de Cristal, distinção dada a representantes do cinema latino.
Foto: Edison Vara
O ator Nelson Xavier, conhecido por papeis memoráveis no cinema e na televisão brasileiras participou do 44º Festival de Cinema como jurado dos longas-metragens brasileiros em competição. Nelson não fez entrevistas por estar sendo jurado, mas conversou com os fãs e jornalistas rapidamente, mostrando seu carisma e bom humor mesmo com seus 75 anos.
Foto: Kaliana Passarin
Tony Ramos foi homenageado em uma cerimônia emocionante em Gramado, na segunda noite do Festival de Cinema. Aos 68 anos e com 128 personagens no currículo da carreira que ultrapassa cinco décadas, o ator recebeu o Troféu Cidade de Gramado. Na estante, ele já guarda um Kikito recebido em 2001 pela interpretação em "Bufo & Spallanzani".
Foto: Edison Vara
O cineasta Domingos de Oliveira apresentou, na noite de sexta-feira (2) em Gramado, o filme "Barata Ribeiro, 716", encerrando a mostra competitiva do Festival de Cinema. Na trama, Caio Blat vive o alterego do cineasta, em uma história sobre a intensa boêmia carioca que termina no golpe de 64. "É um presente que ele me deu", destacou o ator sobre o papel. Antes da exibição, a equipe do filme cruzou o tapete vermelho, como é de costume, aplaudida pela plateia, que suportou a chuva fina e o frio na cidade - fazia 11°C. Na metade do percurso, Domingos estava à espera do grupo.
Foto: Cleiton Thiele
Homenageado na noite de terça pelo conjunto da obra, o ator, produtor e diretor José Mojica Marins não pôde estar pessoalmente no Festival de Gramado, mas enviou um vídeo, projetado na tela, vestido como o personagem Zé do Caixão, que o consagrou. "Zé do Caixão divulga o Brasil no mundo todo, mas em nosso país ainda não temos aquele aval com força total", lembrou Mojica antes de agradecer a homenagem.
Quem recebeu o troféu na homenagem foi a atriz Liz Vamp, filha de Mojica, que fez uma performance ao percorrer o tapete vermelho do festival. No percurso, ela chegou a morder pescoços de atores que a acompanhavam. Ela explicou que o pai não pôde viajar por recomendação médica, pois está prestes a fazer uma cirurgia de hérnia.
Foto: Fabio Braga
Pensando nos produtores independentes, o 44º Festival de Cinema de Gramado promoveu rodadas de negócios com foco em comercialização e distribuição. As produtoras interessadas inscreveram-se para agendar encontros com players interessados em projetos em etapa de pós-produção ou finalizados, em etapa de comercialização e distribuição. Importantes distribuidoras e canais do Brasil e exterior como FiGa Films (EUA), Sundance Channel (EUA), Canal Brasil, Globo News, Globo Filmes, Telecine, Sofá Digital, Box Brasil e Vitrine Filmes marcaram presença.
Foto: Cleiton Thiele
 Outro que brilhou nas telinhas foi o diretor, roteirista e ator Matheus Souza, que levou o seu filme “Tamo Junto” em que escreveu, dirigiu e atuou e também fez participação como ator em “Barata Ribeiro, 716”. Matheus, sempre irreverente e carismático, admitiu ter se entregue de vez à comédia. Em “Tamo Junto”, ao lado de Leandro Soares e Sophie Charlotte exibiu seu caráter engraçado e “geek” trazendo referências da sua vida e experiências próprias como o bullyng sofrido quando criança e as vezes que cita o desenho Pokemon e a saga Star Wars em seu filme.
Foto: Edison Vara
No curta-metragem “O Que Teria Acontecido Ou Não Naquela Calma e Misteriosa Tarde de Domingo no Jardim Zoológico”, Allan Souza Lima conta a história de Ian (Daniel Dantas), um homem de meia-idade obrigado a conviver com a frustração de não ter realizado nenhum de seus sonhos, mas um encontro inesperado irá tirá-lo violentamente de sua constante e imutável zona de conforto. O curta trouxe à tona ao público necessidade de encontrarmos que somos e soltarmos o animal oculto dentro de cada um.
Foto Carlos Macedo
No sábado (03) com a cerimônia de premiação encerrou as atividades do evento. Leonardo Machado, Marla Martins e Renata Boldrini, apresentadores do evento distribuíram os Kikitos. À noite ocorreu protestos contra o impeachment de Dilma Rousseff. Paulo Tiefenthaler, ganhador do Kikito de melhor ator em “O roubo da taça”, gritou ao receber o troféu – Fora, temer! Vamos tirar esse cupim da nossa casa!
Outra manifestação teve destaque. Na entrega do prêmio de melhor curta-metragem brasileiro, o diretor do vencedor “Rosinha”, Gui Campos, subiu ao palco junto de sua equipe, a qual carregava faixas onde com os ditos "diretas já" e "resistir sempre". Gui ainda convidou mais cineastas a engrossar o coro de "fora Temer". – Nós aqui, presentes, nos pronunciamos contra o golpe e a favor da democracia brasileira. Disse Campos recebendo forte aplauso.
Foto: Carlos Macedo
Um dos momentos mais tocantes da noite de encerramento, foi quando Domingos Oliveira convidou o público a contar até 80, em homenagem ao seu aniversário deste número. Ele ganhou o Kikito de melhor diretor e melhor longa por “Barata Ribeiro, 716”.
Os prêmios mais importantes foram para “Rosinha” (curta-metragem brasileiro), “Guaraní” (longa-metragem estrangeiro) e “Barata Ribeiro, 716” (longa-metragem brasileiro). Entre os atores e atrizes, além de Paulo Tiefenthaler, ainda se destacaram Emilio Barreto, do longa estrangeiro Guaraní e Allan Souza Lima, do curta “O Que Teria Acontecido Ou Não Naquela Calma E Misteriosa Tarde De Domingo No Jardim Zoológico”. Andréia Horta, do filme “Elis”, Verónica Perrotta do estrangeiro “Las Toninas Van Al Este” e Luciana Paes, do curta “Aqueles Cinco Segundos”, ganharam as premiações de melhores atrizes.

Foto: Edison Vara

 Pietro Pasqualloti, acadêmico do 1º semestre de Relações Públicas na Universidade Feevale 

Nenhum comentário:

Postar um comentário