"Sinfonia da Necrópole", de Juliana Rojas (Foto: Divulgação) |
Deodato (Eduardo Gomes) é o aprendiz de coveiro. Rapaz
desajeitado, tem dificuldades com o trabalho pesado, mas facilidade com a
poesia e com a música. Deodato sabe que seu lugar não é ali, porém permanece
por falta de algo melhor. Ganha um motivo maior ainda quando chega ao cemitério
a agente funerária Jaqueline (Luciana Paes). Ela está ali para fazer um
mapeamento do cemitério, a fim de realocar túmulos abandonados e esquecidos,
para que no lugar destes possa ser construído um grande prédio que abrigue
novas jazidas.
Sendo uma mistura de musical com comédia non sense, Sinfonia da Necrópole
surpreende por conseguir trazer à tona momentos pesados com leveza. As músicas
são divertidas e ao mesmo tempo melancólicas, repletas de poesia em suas
letras. Deodato é um protagonista incrível, acompanhado por coadjuvantes
igualmente competentes e com peculiaridades cativantes. A câmera ousada de
Juliana Rojas não tem medo de usar zooms – coisa brega, segundo alguns – e
acompanhar os personagens durante as músicas, tudo ao contrário do clima pesado
do início.
Sinfonia da Necrópole surge no momento certo, mostrando que
o cinema brasileiro se encaminha de vez para sua grande retomada. O cinema de
gênero, algo que se perdeu no tempo, parece se tornar cada vez mais usual nas
produções nacionais. Tempos atrás seria difícil ver um musical brasileiro sendo
lançado, hoje podemos nos surpreender com a versatilidade de diretores da nova
geração, que buscam inovar. E que sigam assim, temos muitas mais sinfonias para
ouvir antes de passar dessa para a melhor.
Giancarlo Couto, Acadêmico do 5º Semestre Universidade Feevale
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