terça-feira, 22 de agosto de 2017

Desarquivando Alice Gonzaga

A premiada diretora Betse de Paula trouxe a 45ª edição do Festival de Cinema de Gramado o filme Desarquivando Alice Gonzaga, que conta como foi crescer em volta da primeira produtora de cinema do Brasil, a Cinédia, criada por seu pai Ademar Gonzaga um ano antes de seu nascimento em 1930 e do desenvolvimento do cinema brasileiro a partir desta década.

Adhemar fundou o primeiro clube de cinema nacional, O Paredão onde um grupo de apaixonados por cinema assistiam a filmes, debatiam e posteriormente escreviam na revista Cinearte, também criada pelo mesmo. O legado que o carioca, jornalista e cineasta deixou para sua filha que é mostrado no filme foi a responsabilidade de organizar todos os trabalho que foram produzidos pelo estúdio. Adhemar foi diversas vezes a Hollywood para fazer estágio e foi onde aprendeu a manusear equipamentos técnicos para desenvolver suas produções no Brasil e assim montou seu estúdio, com máquinas e laboratórios de fotografias e iniciou a carreira do cinema nacional. Suas obras mais reconhecidas em que trabalhou como diretor são Barro Humano, Alô Alô Carnaval com a grande artista Carmem Miranda e O Ébrio.

Betse de Paula | Foto: Gabriel Costa
Para a diretora do filme, a personagem principal, Alice é a rainha mãe do cinema brasileiro, por todo seu conhecimento e carinho pelo cinema. Segundo Alice, Betse retratou sua essência, já que a arquivista faz esse trabalho desde os seis anos de idade e se sentiu extremamente confortável em frente as câmera, por também ter esse convívio desde que nasceu e de ter trabalhado como atriz quando criança. Como Alice mesmo coloca, é caprichosa na organização dos filmes e foi isso que o longa mostrou, uma mulher organizada e decidida a manter a herança da paixão pelo cinema que veio desde seu avô que foi um dos primeiros investidores nos filmes nacionais até seu pai que fez o cinema acontecer.

Betse de Paula | Foto: Gabriel Costa
A diretora explica abaixo qual foi o intuito dela de fazer o filme:
"Eu queria contar o início do cinema brasileiro, como foi difícil, de uma pessoa que sacrificou sua fortuna por uma paixão, da paixão pelo cinema e de como isso passou isso de pai para filha. Conheci a Alice em festivais, acredito que o Adhemar foi a primeira grande tentativa na indústria cinematográfica nacional, ele trabalhou com muita gente importante, atores e diretores e foi uma pessoa que deu muita força para esse trabalho existir, acredito que ele foi uma pessoa fantástica."

Ela também contou como entrou para a carreira de cineasta:

"Assim como a Alice sempre fez arquivos eu sempre fiz cinema, ganhei uma câmera aos 12 e com 15 já comecei a fazer filmes, tentei fazer outra coisa, iniciei ciências sociais, mas desisti, gosto mesmo é de dirigir, a primeira vez que vim ao Festival de Cinema de Gramado foi como assistente de direção em 1987 e eu fiquei louca, assisti os melhores curtas da minha vida e assim quis trabalhar para fazer o mesmo."

Miluna Rilo Ayala, acadêmica do 4º semestre de jornalismo

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