![]() |
O Fim e os Meios Foto: Divulgação |
Durante a manhã
dessa segunda-feira, 10, aconteceu a reprise do longa-metragem brasileiro “O
Fim e os meios”, no palácio dos festivais. O filme, com direção de Murilo
Salles, conta a história de um casal que se muda do Rio de Janeiro para
Brasília, após os dois, encontrarem na capital nacional, melhores oportunidades
de trabalho. Ela, Cris, é uma jornalista. Já ele, Paulo, é um publicitário.
O Fim e os Meios
começa abordando a rotina de um homem que dorme numa barraca, em meio a uma
mata fechada. Durante a tarde, ele permanece num terraço de um prédio, onde
esconde uma quantia em dinheiro e faz questão de não ser percebido pelas demais
pessoas. Ali, já se criava um mistério. E as cenas a seguir teriam a missão de
explicar o motivo pelo qual o homem preferia a solidão. Logo no início da
trama, Cris (Cintia Rosa) e Paulo (Pedro Bricio) discutem sobre o fato da
jornalista estar grávida e no passado, o publicitário ter oferecido dinheiro
para que a mesma, abortasse a criança. Ainda nessa cena de discussão, a bolsa
dela estoura e logo a seguir, nasce Ana, filha do casal.
Surge uma
proposta para que Paulo trabalhe como assessor de marketing, em Brasília, do
então senador da república Reginaldo Motta. O publicitário receberia o incrível
valor de 1,5 milhão de reais em dois anos, para melhorar a imagem do político e
fazer com que ele se reelegesse. Sabendo disso e com proposta de trabalho em
mãos, Cris propõe que ela se transfira junto com ele, para Brasília. Na capital
do Brasil, eles começam a conviver diariamente com Hugo (Marco Ricca), então
genro do senador Motta e viúvo de Laura (Hermila Guedes), que sofrera de câncer
e veio a falecer.
Pelo fato de
Hugo ser viúvo e Cris sofrer uma certa solidão por Paulo estar diretamente
envolvido com trabalho, se cria nesse momento um triangulo amoroso na trama. Existe
certo incômodo nesse relacionamento, afinal, a jornalista escreve sobre os
problemas em Brasília e o publicitário tenta, de toda maneira, melhorar a
imagem do político.
No final de O
Fim e os Meios se descobre que a campanha de Reginaldo Motta estaria usando de
um suposto dossiê da candidata adversária que envolveria milhões de reais, sem
procedência. A polícia federal investiga o caso e Paulo, então responsável pela
campanha, tem que fugir. Cris, sem poder dar maiores detalhes para a imprensa,
acaba sendo afastada do trabalho. O filme se encerra com o publicitário retornando
para a sua casa e Cris deixando sua residência junto de sua filha. Antes disso,
Paulo ainda agride Hugo e fica o mistério se aquilo foi apenas uma agressão ou
o amante de Cris teria falecido.
O filme de
Murilo Salles é um forte candidato para receber o prêmio de melhor longa e pode
contar com seu elenco entre o melhor ator e atriz do 43º festival de cinema de
Gramado, pelas grandes atuações de Pedro Bricio e Cintia Rosa, nos papéis
principais. O Fim e os Meios abordou sexualidade, política, ganância, traição e
um grande jogo de interesses. Não existe um mocinho nem um vilão. São pessoas
normais que buscam – de toda maneira –, o melhor para si e passam por cima dos
valores éticos e morais. O filme é um retrato da atual sociedade. E isso faz
com que o público pense e muito.
Durante a
coletiva, Pedro Bricio brincou ao dizer que o diretor Salles gosta de dar vida
a personagens homens que não se dão muito bem durante a trama. Já, Cintia Rosa,
enfatizou a importância da presença de uma mulher negra que foge dos padrões,
ao não ser uma mulher de alto poder aquisitivo ou uma doméstica no enredo.
Segundo ela, foi importante que Cris seja uma jornalista que tem personalidade
para definir o próprio caminho a ser traçado, sem influência de outras pessoas
ou problemas. Ao finalizar, ela mencionou o racismo sofrido por Maria Julia
Coutinho, da Globo, e disse que tal atitude dos telespectadores foi lamentável.
Com certeza,
quem assistir a obra, irá prestar atenção nos mínimos detalhes do primeiro ao
último segundo de cena. Salles, não busca responder as perguntas do seu público
e sim gerar problemas, dúvidas, questionamentos. Não se sabe como foi a
primeira relação sexual entre Hugo e Cris, por exemplo, que começou com abuso e
violência, mas terminou com ela cedendo. Como que aconteceu? Aliás, Hugo
morreu? Seria Paulo um assassino? Como seguiria a vida dos personagens após a
subida dos créditos? Dúvidas que permanecem na cabeça dos admiradores de uma
boa trama.
Vinícius
Carvalho, acadêmico do 3º semestre de Jornalismo da Universidade Feevale
Nenhum comentário:
Postar um comentário