O 44º Festival de
Cinema de Gramado contou com inúmeros momentos marcantes e inesquecíveis desde
a sua abertura na sexta-feira, 26 de agosto. Uma
novidade deste ano foram os valores acessíveis às salas de cinema do Palácio
dos Festivais e ao Tapete Vermelho, R$ 30,00 para o público em geral e R$ 15,00
para estudantes e idosos.
No
dia de abertura, antes mesmo da cerimônia oficial, houve a inauguração do Museu
do Festival de Cinema de Gramado, contemplando não somente a história do
Festival, mas da sétima arte no Brasil. Localizado no Palácio dos Festivais,
com entrada ao lado do mesmo, tem 500m² e uma vista panorâmica para a cidade. O
espaço conta também com interatividade única e totalmente tecnológica, em que o
visitante pode viajar por toda a história do Festival e do cinema brasileiro
desde 1973. Até a edição de 2017, a empresa responsável espera já ter terminado
as instalações do Museu, com bonecos de cera.
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Foto: Miron Neto |
O
filme nacional mais esperado do ano, “Aquarius”,
foi apresentado logo no primeiro dia do festival e com grande entusiasmo por
parte do púbico e crítica. Na
própria sexta-feira aconteceram as primeiras manifestações contra o então
vice-presidente Michel Temer e vaias ao secretário interino da Cultura, Marcelo
Calero que fez seu pronunciamento oficial. Calero preferiu não se pronunciar
sobre as acusações contra o atual governo e sobre a classificação imposta pelo
ministério ao filme “Aquarius”.
Pelo sábado de manhã a coletiva do longa “Aquarius”
foi extremamente marcante pelo aspecto politizado. “Aquarius é uma representação da vida no Brasil, e, exatamente por
isso, é tenso, é emotivo, é enfurecedor” disse o diretor Kléber Mendonça Filho.
— É um filme sobre ter uma opinião e defendê-la, dentro de uma democracia. O
filme vem carregado de muita energia, inclusive política — complementou Kléber. Sônia
Braga ainda reforçou: “Nunca é suficiente repetir que é golpe”.
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Foto:Yves Herman |
No domingo ocorreu a entrega dos prêmios da Mostra Gaúcha,
mas o que marcou a noite em Gramado foram os protestos de “Fora Temer”. Assim
que os o primeiro filme premiado da Mostra foi revelado, uma carta foi lida em
que os profissionais e técnicos de cinema do estado denunciaram as chamadas
“forças conservadoras que tramam um golpe no país”. O manifesto apresentado e lido,
pede respeito pela liberdade de expressão e diz que um ataque à classe
cinematográfica e cultural está ocorrendo. Além das manifestações particulares, no final, no momento
em que a tradicional foto de todos os premiados iria ser tirada, surgiram
cartazes de protesto e um coro de “Fora Temer” implodiu na plateia.
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Foto: Almanakito |
Estrela do cinema argentino e uma das "chicas de Almodóvar", a
atriz Cecilia Roth foi homenageada na noite desta sexta-feira (2) no Festival
de Cinema de Gramado, na Serra do Rio Grande do Sul. Ela é a primeira mulher a
receber o Kikito de Cristal, distinção dada a representantes do cinema latino.
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Foto: Edison Vara |
O ator
Nelson Xavier, conhecido por papeis memoráveis no cinema e na televisão
brasileiras participou do 44º Festival de Cinema como jurado dos
longas-metragens brasileiros em competição. Nelson não fez entrevistas por
estar sendo jurado, mas conversou com os fãs e jornalistas rapidamente,
mostrando seu carisma e bom humor mesmo com seus 75 anos.
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Foto: Kaliana Passarin |
Tony
Ramos foi homenageado em uma cerimônia emocionante em Gramado, na segunda noite
do Festival de Cinema. Aos 68 anos e com 128 personagens no currículo da
carreira que ultrapassa cinco décadas, o ator recebeu o Troféu Cidade de
Gramado. Na estante, ele já guarda um Kikito recebido em 2001 pela
interpretação em "Bufo & Spallanzani".
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Foto: Edison Vara |
O cineasta Domingos de Oliveira apresentou, na noite de
sexta-feira (2) em Gramado, o filme "Barata Ribeiro, 716", encerrando
a mostra competitiva do Festival de Cinema. Na trama, Caio Blat vive o alterego
do cineasta, em uma história sobre a intensa boêmia carioca que termina no
golpe de 64. "É um presente que ele me deu", destacou o ator sobre o
papel. Antes da exibição, a equipe do filme cruzou o tapete vermelho, como é de
costume, aplaudida pela plateia, que suportou a chuva fina e o frio na cidade -
fazia 11°C. Na metade do percurso, Domingos estava à espera do grupo.
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Foto: Cleiton Thiele |
Homenageado na noite de terça pelo conjunto da obra, o ator,
produtor e diretor José Mojica Marins não pôde estar pessoalmente no Festival
de Gramado, mas enviou um vídeo, projetado na tela, vestido como o personagem
Zé do Caixão, que o consagrou. "Zé do Caixão divulga o Brasil no mundo
todo, mas em nosso país ainda não temos aquele aval com força total",
lembrou Mojica antes de agradecer a homenagem.
Quem
recebeu o troféu na homenagem foi a atriz Liz Vamp, filha de Mojica, que fez
uma performance ao percorrer o tapete vermelho do festival. No percurso, ela
chegou a morder pescoços de atores que a acompanhavam. Ela explicou que o pai
não pôde viajar por recomendação médica, pois está prestes a fazer uma cirurgia
de hérnia.
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Foto: Fabio Braga |
Pensando
nos produtores independentes, o 44º Festival de Cinema de Gramado promoveu rodadas
de negócios com foco em comercialização e distribuição. As produtoras
interessadas inscreveram-se para agendar encontros com players interessados em
projetos em etapa de pós-produção ou finalizados, em etapa de comercialização e
distribuição. Importantes distribuidoras e canais do Brasil e exterior como
FiGa Films (EUA), Sundance Channel (EUA), Canal Brasil, Globo News, Globo
Filmes, Telecine, Sofá Digital, Box Brasil e Vitrine Filmes marcaram presença.
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Foto: Cleiton Thiele |
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Foto: Edison Vara |
No
curta-metragem “O Que Teria Acontecido Ou Não Naquela Calma e Misteriosa Tarde
de Domingo no Jardim Zoológico”, Allan Souza Lima conta a história de Ian
(Daniel Dantas), um homem de meia-idade obrigado a conviver com a frustração de
não ter realizado nenhum de seus sonhos, mas um encontro inesperado irá tirá-lo
violentamente de sua constante e imutável zona de conforto. O curta trouxe à
tona ao público necessidade de encontrarmos que somos e soltarmos o animal
oculto dentro de cada um.
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Foto Carlos Macedo |
No sábado (03) com a cerimônia de premiação encerrou as atividades
do evento. Leonardo Machado, Marla Martins e Renata Boldrini, apresentadores do
evento distribuíram os Kikitos. À noite ocorreu protestos contra o impeachment
de Dilma Rousseff. Paulo Tiefenthaler, ganhador do Kikito de melhor ator em “O
roubo da taça”, gritou ao receber o troféu – Fora, temer! Vamos tirar esse
cupim da nossa casa!
Outra manifestação teve destaque. Na entrega do prêmio de melhor
curta-metragem brasileiro, o diretor do vencedor “Rosinha”, Gui Campos, subiu
ao palco junto de sua equipe, a qual carregava faixas onde com os ditos
"diretas já" e "resistir sempre". Gui ainda convidou mais
cineastas a engrossar o coro de "fora Temer". – Nós aqui, presentes,
nos pronunciamos contra o golpe e a favor da democracia brasileira. Disse
Campos recebendo forte aplauso.
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Foto: Carlos Macedo |
Um dos momentos mais tocantes da noite de encerramento, foi quando
Domingos Oliveira convidou o público a contar até 80, em homenagem ao seu
aniversário deste número. Ele ganhou o Kikito de melhor diretor e melhor longa
por “Barata Ribeiro, 716”.
Os prêmios mais importantes foram para “Rosinha” (curta-metragem
brasileiro), “Guaraní” (longa-metragem estrangeiro) e “Barata Ribeiro, 716”
(longa-metragem brasileiro). Entre os atores e atrizes, além de Paulo
Tiefenthaler, ainda se destacaram Emilio Barreto, do longa estrangeiro Guaraní
e Allan Souza Lima, do curta “O Que Teria Acontecido Ou Não Naquela Calma E
Misteriosa Tarde De Domingo No Jardim Zoológico”. Andréia Horta, do filme
“Elis”, Verónica Perrotta do estrangeiro “Las Toninas Van Al Este” e Luciana
Paes, do curta “Aqueles Cinco Segundos”, ganharam as premiações de melhores
atrizes.
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Foto: Edison Vara Pietro Pasqualloti, acadêmico do 1º semestre de Relações Públicas na Universidade Feevale |
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