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Os dois
curtas debatidos participam pela primeira vez de um festival de cinema. Boca
Migotto, professor da Unisinos e diretor do “Horas” conta que o seu curta serve
como um debate político e forma de criticar os governantes que há décadas
abandonaram o sistema ferroviário no estado e no Brasil.
“Horas”
traz a história de um trabalhador de uma borracharia e foca totalmente em um
personagem, interpretado por Nelson Diniz. Boca disse que sempre quis trabalhar
com Nelson, mas que tinha certo receio do ator, entretanto ao convidá-lo e
conhecê-lo melhor, se tornaram grandes amigos. O professor, juntamente com
Eliane Coster, diretora de “Super Oldboy”, falou sobre a importância de
realizar um curta-metragem. Eles lembraram que tais filmes, com menor duração e
investimento, são necessários para o amadurecimento de toda a equipe, uma ótima
oportunidade de aprender, errar, ver os erros e melhorar para depois realizar
longas-metragens. Migotto lembrou que ao dar aula, sempre pede para seus alunos
realizarem curtas-metragens para testar suas habilidades e aprender a trabalhar
na área. Eliane falou “Curta é para experimentar e se apropriar da linguagem e
o longa é o trabalho final depois de experimentar muito em curtas”. Os
diretores ainda lembraram que o governo deveria investir mais neste tipo de
filme, valorizando a área porque são estes testes cinematográficos que formam
um substrato para longas mais concretos.
Boca se
pronunciou sobre o primeiro filme mudo realizado: “Fazer uma gravação
totalmente muda foi um desafio e algo que eu queria faz tempo. Também sempre
quis rodar um filme num posto de gasolina ou borracharia de estrada, meio
abandonada”. Normalmente focado em realizar documentários, o diretor quis se
desafiar, em uma gravação completa pelo silêncio. “Eu falei brincando para o
Nelson: ‘quer ver que a gente vai fazer esse filme silencioso e vai entrar em
vários festivais? ’. E aí Gramado nos selecionou” finalizou Boca. Ele é também
diretor e co-produtor do “Filme Sobre Um Bom Fim”, documentário sobre o famoso
bairro de Porto Alegre, onde atuaram atores poucos conhecidos e que bateu o
recorde de bilheteria e público no estado do Rio Grande Do Sul, despencando o
filme sobre Teixeirinha o qual ocupava a primeira colocação. O diretor conta
que a resposta foi muito positiva, já que em Porto Alegre as sessões se
esgotavam rapidamente e filas davam voltas na quadra do Santander Cultural e da
Casa de Cultura Mário Quinta, locais de exibição do filme na cidade, ficando 14
semanas em cartaz pelo estado.
Eliane, em
“Super Oldboy”, uma mistura de muitas experiências e novos rumos, trazendo um
elenco totalmente diversificado. Tal mistura da trama acaba tornando-o um
“filme complexo para um curta” comenta Eliane. O curta mostra uma história engraçada,
com um pouco de humor diferente, sobre um idoso que trabalha como office-boy
para uma firma, algo que comumente ocorre em São Paulo, pelos privilégios em
filas e transportes públicos. “Mostra como as pessoas se viram sem a
instituição. Sem o poder pré-estabelecido”, explicou Eliane.
Pietro
Pasqualotti, acadêmico do 1º semestre de Relações Públicas na Universidade
Feevale.
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