Ocorreu
na tarde desta terça-feira, na Sala de Debates, o encontro entre a Associação
de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul e a Associação Brasileira dos Críticos
de Cinema para debater 50 anos de crítica. Os críticos presentes no debate
foram Hélio Nascimento, Enéas de Souza e Hiron Goidanich, o Goida. O Gaúcho
Hélio tem dois livros publicados, e escreve desde 1961 para o Jornal do
Comércio. Eneás é Carioca, é formado em Economia, Filosofia e Psicanalise. E
Goida, Também Gaúcho, aficionado por quadrinhos, escreve atualmente para a
Revista Teorema. O debate foi mediado por Ivonete Pinto, Vice-Presidente da
ABRACCINE.
Encontros ABRACCINE - ACCIRS: 50 anos de Crítica (Foto: Isabel Borba/Feevale) |
O
bate papo começou com uma frase de impacto de Hélio logo em sua apresentação.
Hélio disse: “Se não existir o conflito
com o passado, o novo não surge.” O Debate seguiu com Ivonete colocando à
mesa a questão das influências dos três debatedores. Todos foram unânimes
quanto ao nome de Paulo Fontoura Gastal. Gastal foi o principal mentor do Clube
de Cinema de Porto Alegre, fundado em 1948, e um dos idealizadores do Festival
de Cinema de Gramado. Falaram, também, sobre a influência de Paulo Emílio Sales
Gomes e Antônio Viana, entre outros.
A
segunda questão posta em debate, pela mediadora, foi a questão dos Blockbusters,
filmes de grande bilheteria, nas salas de Cinema do Brasil. Hélio foi o
primeiro a responder, disse que: Não
chega a ser algo nocivo. O que é nocivo é a quantidade em que eles chegam.” Acrescentou ainda uma crítica ao filme Batman –
O Cavaleiro das Trevas, dizendo que “o
filme é um ensaio sobre a corrupção.” Pra encerrar, Hélio falou: “Mas a maioria, me desculpem a expressão,
não serve pra nada.”. Enéas foi para o lado mais político dos Blockbusters.
Disse que os filmes de grande bilheteria tem um papel político de nos mostrar o
triunfo americano sobre o mundo. Enéas ainda citou uma frase de Godard: “Cinema é uma arte que pensa e faz pensar.”
E encerrou a sua fala com a frase: “Se
servem para pensar (os Blockbusters), ótimo.
Senão, é lixo.” Goida trouxe a questão para um viés cultural. Destacou o
filme 2001: Uma Odisseia no Espaço, como um marco de Blockbuster e um filme
sucesso de crítica. Citou Steven Spielberg que, no lançamento do filme E.T.,
disse que os filmes precisavam de menos efeitos especiais e mais efeitos humanos.
No fechamento, disse: “ Viva os
Blockbusters, mas viva os filmes que fazem pensar.”
A
última questão levantada por Ivonete foi a de que o Rio Grande do Sul seria o
cemitério do cinema nacional. Ambos foram enfáticos em dizer que não era
verdade. Que o Brasil todo é o cemitério do cinema. Ao final, Goida criticou a
falta de espaço para escrever sobre cinema como antigamente e, Eneás destacou
que a cultura faz pensar, por isso não há espaço para as críticas. “Pois interessa a alguém que não pensemos”,
disse o Crítico.
Rafael
da Roza, Acadêmico do 4º Semestre da Universidade Feevale.
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