O crítico Rubens Ewald Filho em debate com mediação de Marcos Santuário |
Tudo começou no litoral paulista, na cidade de Santos onde nasceu. Sua família de classe média alta cultivava bananas até perder tudo. Ewald conta que na geração dele cinema era um sonho distante.
O início da carreira de crítico aconteceu em um jornal santista. A primeira crítica foi do filme "O Demônio das Onze Horas" do cineasta Jean-Luc Godard. Os anos passaram e sua percepção de cinema mudou. Exemplo disso é seu anti-americanismo, o qual surgiu desde que trabalhou na HBO, quando vivenciou experiências por detrás das câmeras. Lá ele percebeu que as grandes empresas da industria cinematográfica visam o lucro e não amam o cinema. “Quem ama cinema, ama a vida”, declara.
Ele considera a França como o país que mais tem paixão pela sétima arte. “Cannes mudou a minha cabeça”, explica Ewald. Ele conta que é preciso que alguém comunique todo esse amor pelos filmes e é isso que ele faz.
Por ter apresentado 26 transmissões do Oscar, prêmio mais importante do cinema americano, Ewald ficou com o estigma de o “homem do Oscar”. Estigma que ele não se importa, pois hoje o Oscar não é mais festa. “Hoje eu mais critico do que elogio”.
Sobre sua carreira na televisão, Ewald lamenta que não haja espaço para o cinema na TV aberta. “Tentamos em várias (emissoras), mas não querem. Tem sido muito difícil”.
Dificuldade ele passou também na rede Telecine, onde foi dispensado depois da entrada de um diretor português. “A primeira coisa que o novo diretor que não conhecia nada fez, foi demitir toda a produção. A segunda foi demitir o (José) Wilker e a mim.”
O crítico também esclareceu que mantém amizade com Wilker, sem rivalidade nenhuma. Isso é coisa da imprensa. Eu acho graça. Sempre quis fazer um programa com ele. Não existe briga nenhuma”, se diverte.
Ewald avalia sua experiência na televisão como positiva. “Foi fazendo televisão que aprendi que o meio é a mensagem. Não importa o que eu fale se o trailer exibido for bom. O radio é diferente, eu percebi que tudo que eu falava era ouvido. Comecei a ir mais direto ao assunto.”
Por fim, ele dá uma dica para quem quer seguir a carreira de crítico. "É preciso ter um bom texto, mesclar o leve, o engraçado e a crítica”.
Ewald também é ator, diretor e roteirista.
Foto e texto por Bruna Foscarini, estagiária do Núcleo de Jornalismo da Agecom.
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